terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Reflexões Pedagógicas

REFLEXÕES PEDAGÓGICAS

O Art. 53 da lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) que diz que a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.

E o art. 56 da mesma lei: Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
I-Maus tratos envolvendo seus alunos;
II - Reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III-Elevados níveis de repetência.

As Escolas em geral e as públicas em particular têm encontrado muita dificuldade para garantir efetivamente o direito à educação de seus alunos. E estão sendo responsabilizadas por isso. Acredito que tem sua parcela de culpa, mas deixá-las sozinha é um “pecado”.


Relatemos um caso de uma escola que pode ser de qualquer uma:

Quando se registra cinco faltas consecutivas ou dez alternadas no mês dos alunos é enviado um comunicado aos pais e/ou responsável para dar ciência da ocorrência e resolução da questão. Persistindo o problema, o aluno recebe uma convocação para que seu responsável compareça à escola e fique ciente do comportamento, da aprendizagem do aluno e resolva satisfatoriamente o problema da infrequência. Uma vez que a presença do responsável é imprescindível, caso o aluno não entregue a primeira convocação este recebe outra. Mesmo assim, há sempre um ou outro aluno que resiste; nesses casos a escola envia a convocação, através de um funcionário, na casa do aluno ou procura fazer contato pelo telefone. Encontra dificuldade nesses procedimentos, porque muitas vezes o número de telefone é desatualizado ou não se encontra nenhum responsável na residência.
Em alguns casos a família comparece, fica ciente do comportamento e da aprendizagem, compromete-se a acompanhar o desenvolvimento escolar do aluno, mas o problema persiste, o aluno continua a faltar, a não fazer as atividades e perder médias nos bimestres, significa que a família não cumpriu o combinado.
Nesses casos, a escola procura fazer o acompanhamento e monitoramento de seus alunos através de registro de caderno de ocorrências, bilhetes aos pais, vistos periódicos nos cadernos, reuniões de pais, convocações. Contudo, a escola enfrenta ainda dificuldade, pois o número de alunos matriculados é grande. As aulas nos anos finais do Ensino Fundamental são de apenas cinqüenta minutos. É muito difícil fazer o acompanhamento e monitoramento sistemático de cada um dos alunos sem a parceria da família, que, por diversas vezes ainda discorda dos procedimentos adotados pela escola.
A família não acredita que o aluno faltou o número de vezes que a escola tem registrado no diário do professor, que não faz as atividades dadas em sala de aula e muito menos os deveres de casa; ainda que o aluno costume passar um mês inteiro ou mais sem registrar uma linha sequer em seu caderno. Também há casos em que os pais ficam procurando desculpas para ausência do filho e acham que assim já solucionaram o problema. Mas não. Mesmo que haja justificativa para a falta, há a questão da matéria perdida e dos exercícios pendentes que precisam ser feitos.
Sabemos que se o aluno não comparecer às aulas, não assimilará o conteúdo ministrado naquele momento e ficará defasado em relação aos demais. O processo de aquisição de conhecimento é contínuo e cumulativo, um dia que se perde prejudica e muito o aprendizado.
Quando acontece a falta, algumas perguntas precisam ser respondidas pela família: O (a) aluno (a) copiou a matéria perdida? Comunicou ao (a) professor (a) o motivo de suas faltas e recebeu dele (a) as atividades do período? Estudou em casa a matéria e pôs o caderno em dia? Parou de faltar às aulas? É assíduo (a)?
Para garantir que o processo de aquisição de conhecimento da criança ou do adolescente não seja rompido, a família precisa estar atenta aos seguintes procedimentos:
 Não deixar que se atrase, garantindo que esteja na escola às sete horas em ponto para a primeira aula;
 Não deixar que falte, nem um dia sequer e justificar com atestado médico ou pessoalmente o motivo da falta;
 Acompanhar em casa regularmente os cadernos, verificando se está fazendo as atividades em sala e os deveres de casa;



Percebendo alguma irregularidade, a família deve entrar em contato
de forma imediata com a escola para averiguar a situação. Mas, justamente nesse ponto a dificuldade é maior. Mesmo tendo ciência do problema, a família não comparece à escola. Em alguns casos, a atitude que toma se resume a simplesmente dizer: “eu já falei com meu filho”. Atitude improfícua geradora de descrédito por parte do aluno quando recebe uma advertência da escola, porque ele não será punido em casa.
Entretanto, os esforços da escola em ter um aluno freqüente às aulas e aprendendo efetivamente o que é ensinado tem dado resultado, em muitos casos é percebida uma sensível melhora no desempenho e no comportamento do aluno. O trabalho é árduo e contínuo, com avanços e retrocessos, há registros de alunos que melhoraram em um bimestre e voltaram a cair no seguinte devido ao “relaxamento da vigilância familiar”. Em outros casos, o aluno percebe o que se espera dele e passa a agir de acordo com o regimento escolar e deixa de ser aquele “aluno-problema”. Continua um pouco agitado, “respondão” algumas vezes, mas passa a respeitar e a obedecer mais, o que lhe dá condições de aprender e ser aprovado pelo seu próprio mérito.
Pesquisas educacionais comprovam que quando há o envolvimento da família no acompanhamento das atividades escolares a aprendizagem é garantida. A escola está ciente que os pais e/ou responsável trabalham e têm um dia atarefado, não há muito tempo para acompanhar as atividades escolares do filho ou pupilo. Contudo o aluno não pode ficar sem a supervisão do adulto.
O que a escola propõe é que seja mantida uma comunicação estreita entre família e escola, as informações precisam fluir com rapidez e veracidade mantendo um contato freqüente. A escola utiliza de mecanismos simples para garantir esse contato. Registra as informações referentes aos alunos, envia comunicado e convoca a presença do responsável, faz reuniões periódicas para entrega de boletim escolar, tenta contato pelo telefone.
Acredito que toda escola se depare com o seguinte quadro:


10% 30% 10% 20% 30%
Evadidos, fora da escola. Começam sua escolaridade com um pé fora da escola. Totalmente longe da cultura escolar. Os repetentes, não entendem a escola, são indisciplinados. Os esforçados, com dificuldade e pelo trabalho da escola caminham devagar. Não entendem a escola. Os bons alunos, andam um pouco devagar, mas conseguem entender a escola. Os melhores alunos, considerados os ideais.
Imersos na cultura da escola.


Há muita interferência externa à escola que dizem o que “não fazer” e não ouvem o que a escola tem a dizer.
Esse quadro pode ser criticado por “não é bem assim”. Ou “você está equivocado” e “delirando”. Também pode sofrer algum tipo de “processo” e ser acusado de racista.
O quadro é apenas uma observação individual minha, não tem nenhum embasamento científico. Posso estar errado.

Breno José de Araújo, Pedagogo.

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